Marco Neves é provavelmente um dos divulgadores mais prolíficos da linguística portuguesa, uma fecundidade que só é possível graças à boa acolhida de um público, o português, que até agora estava mais habituado a discussões sobre língua focadas em aspetos ortográficos, gramaticais ou etimológicos. O autor ocupa-se frequentemente da Galiza nos seus trabalhos, um interesse que surgiu naturalmente da sua curiosidade a respeito das línguas e que se intensificou nos últimos anos por se tratar de um amor correspondido além-Minho: poucos escritores portugueses conseguem como ele que o público galego se sinta compreendido, reconhecido e respeitado; menos ainda são aqueles que se atrevem a publicar uma obra inteira com o intuito de estimular essa curiosidade e conhecimento a respeito da Galiza entre os leitores lusos.
A obra O Galego e o Português São a Mesma Língua? foi apresentada nesta terça-feira na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. O evento, organizado pelo Centro de Estudos Galegos, conseguiu atrair um público muito participativo e diverso, uma excelente amostra das diferentes circunstâncias pessoais e académicas que captam a atenção dos portugueses para este tema: alunos de galego, amantes das línguas, pessoas interessadas na situação política do Reino de Espanha, descendentes de galego e seguidores da obra o autor. Antes do lançamento, Marco Neves dedicou algum tempo a conversar com os estudantes da disciplina de Língua Galega e Literatura na faculdade.
O livro, escrito com a vocação didática que carateriza as obras do linguista, situa-se na posição do leitor português e conjetura as perguntas que poderão surgir a respeito do galego e da sua relação com a língua de Portugal, expondo os distintos pontos de vista existentes, permitindo que o público, ou em todo caso o povo galego a quem estas questões dizem respeito, adopte um ou outro posicionamento.
Marco Neves não esteve só na mesa. O autor convidou o escritor, professor e ativista galego Carlos Callón a companhá-lo na apresentação da obra e no debate posterior a respeito da situação sociolinguística da Galiza e da interpretação que o público português faz dela. Callón foi durante mais de uma década, coincidindo com a sua presidência na Mesa pola Normalización Lingüística, o rosto visível da luta pelos direitos linguísticos dos falantes de galego, para além de ser o autor de diversas obras poéticas e ensaísticas, nas áreas da sociolinguística, as políticas linguísticas e a história da homossexualidade.
Como todos os livros publicados pela casa editorial galega Através, O Galego e o Português São a Mesma Língua? está disponível nas livrarias portuguesas por meio dos canais de distribuição habituais e poderá adquiri-lo na livraria livraria do seu bairro, em grandes superfícies comerciais ou nas livrarias online disponíveis no País. O Centro de Estudos Galegos conta igualmente com exemplares na sua biblioteca disponíveis para emprestar.